DEPRESSÃO

A manifestação da depressão varia de pessoa para pessoa. A própria manifestação emocional é diferente em cada um: há quem fique mais sensível e chore pelos menores motivos, há quem sinta vontade de chorar grande parte do tempo sem que nada aconteça, há quem sinta-se angustiado e com aquele nó na garganta, há quem fique mais apático e retraído, há quem fique mais irritado...

Mas depressão não é só tristeza, apesar de tristeza ser um sintoma importante! Muitos pacientes com depressão descrevem que a vida perdeu a graça, “ficou cinza, sem cor e sem brilho”, ou que perdeu o sentido. Percebem que não sentem alegria com a mesma frequência, que não têm mais prazer e entusiasmo com atividades que antes lhes eram tão importantes, o que faz com que fiquem cada vez mais desmotivados e desinteressados em seus hobbies e atividades cotidianas. Muitos dizem que continuam suas atividades do dia a dia por obrigação e responsabilidade, mas que a vontade mesmo é de não fazer nada. O desinteresse também atinge, por vezes, as interações interpessoais. É comum o isolamento, a falta de vontade de interagir e conversar até mesmo com pessoas muito próximas e queridas. Os dias ficam pesados, demoram a passar. Às vezes, a sensação é de precisar fazer muito mais esforço para realizar atividades habituais. O cansaço e a falta de energia também são sintomas comuns. Muitos relatam sentirem-se esgotados mesmo com um dia corriqueiro. Diante de tudo isso, surge a culpa: culpa por não ser mais, por não estar mais ou por não fazer mais. Isso aumenta quando, por falta de conhecimento e de compreensão do que está acontecendo, existe realmente a cobrança do outro lado. Os pensamentos também mudam. É comum ficar mais pessimista e sentir-se sem esperança, ou perceber-se como um peso para os familiares ou como incapaz de gerenciar a própria vida. A depressão também causa sintomas cognitivos: alterações na atenção e na concentração, alterações de memória, sensação de que a cabeça está mais lenta e de que o “processamento” das informações não é mais o mesmo, dificuldade de organizar-se, planejar-se e realizar. Alterações no sono também são comuns, tanto a insônia (em que a dificuldade pode ser adormecer logo no início, ou acordar muitas vezes e demorar a dormir de novo, ou acordar muito cedo e não conseguir dormir mais) quanto sentir muito sono e dormir 12h, 14h por dia. A alteração do apetite também pode ser para mais ou para menos. Nem sempre todos os sintomas estão presentes, e a intensidade também varia de caso para caso. Em casos mais graves, a prostração, a falta de motivação e de energia podem ser tão grandes que a pessoa passe o dia inteiro na cama, alimente-se muito mal e fique dias sem tomar banho e escovar os dentes. Há quem perca a motivação para viver porque parece não existir mais qualquer sentido, ou porque a dor e a angústia são tão intensas que está realmente difícil continuar vivendo. Estar vivo pode se tornar indiferente ou pode surgir o desejo de morrer, que vai desde desejar ter uma doença grave ou sofrer algum acidente (já ouvi tantas vezes “não tenho coragem de fazer nada contra mim, mas peço a Deus que me leve”) a começar a pesquisar e planejar a própria morte. A depressão pode cursar até com sintomas psicóticos, como escutar vozes ou apresentar um delírio.

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